TAIOBA – Você conhece?

Recentemente recebi uma sugestão de matéria para publicar no blog! A sugestão veio acompanhada de uma história um pouco perigosa, porém engraçada após o susto. Confesso que nunca ouvi falar da taioba, mesmo durante a faculdade de nutrição! E eis que a história da Adriana me chamou a atenção para essa planta comestível que somente poucas pessoas ainda conhecem e consomem (vou contar a história dela um pouco mais além).

Bem, deixe-me apresentar a taioba: é uma planta tuberosa e que tem seu cormo consumido em vários países das Américas, oeste da África e China. No Brasil, a parte aérea da planta (folhas) é a mais apreciada.

taioba

O estudo realizado por LIMA (2009) detectou que os cormos de taioba tem grande potencial nutricional, apresentando excelente concentração protéica quando comparadas com outros tipos de culturas de tuberosas, como a mandioca, batata, batata doce, cará, inhame, embora o teor de carboidratos em alguns casos fosse mais baixo.

Os cormos são utilizados como fonte de carboidratos, sendo apresentados em forma de purês cozidos ou mesmo assados, a fim de anular a irritabilidade conferida pelos cristais de oxalato de cálcio. O cormo da taioba pode muitas vezes ser confundido com o inhame. As folhas, são geralmente consumidas refogadas ou cozidas.

 Esses são os cormos!
Esses são os cormos!

… continuando a história da Adriana….

A Adriana foi fazer uma visitinha a uma amiga e antes de ir embora, a amiga ofereceu algumas folhas de taioba do seu quintal para que a Adriana experimentasse. “A folha de taioba você faz como se fosse couve, refoga antes de comer” , avisou a amiga! Chegando em casa, a Adriana resolve experimentar a taioba crua… ahammm… foi parar no hospital, com um quadro de intoxicação (tratado como reação anafilática)… garganta ocluindo, visão turva… Certamente um susto!

Contei a história para alertar que não é qualquer taioba que pode ser consumida. E que não se consome crua! Jamé! Existem diversas espécies e nem todas são comestíveis. Assista esse vídeo que encontrei no youtube que deixa mais fácil discernir qual taioba é comestível.

O que aconteceu com a Adriana foi que ao ingerir a folha crua, os cristais de oxalato de cálcio presentes na folha se encontravam intactos. O simples cozimento já diminui a irritabilidade desses cristais. Essa substância não é venenosa em si, porém pode ser fatal porque os cristais podem perfurar os tecidos da região do pescoço, causar edema e assim impedir a passagem do ar, matando por asfixia.

Se preparada de forma correta, a folha da taioba possui grande riqueza de nutrientes, sendo considerada fonte de vitaminas A e C (pode ser comparada com a laranja), e principalmente, ferro, potássio, cálcio e manganês.

E olha que interessante: pessoas em “dieta” tem muito a ganhar com o consumo da taioba, pois supre boa parte das necessidades diárias de vitaminas e minerais e tem calorias reduzidas. o/

Algumas receitas podem ser encontradas na internet… o que me deu água na boca foi o charuto de taioba…

Atualmente, com o consumo reduzido (quase inexistente) de taioba, está mais difícil encontrá-la no mercado e feiras… ainda assim, fica o incentivo para incluir esse vegetal na sua alimentação!!!

Autora:  nutricionista Karen Dykstra Carmona

Referências:

LIMA, T.A. Caracterização de compostos nutricionais e antinutricionais em taiobas (Xanthosoma Schott). Disponível em: http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/7270/1/2009_ThainadeAlmeidaLima.pdf. Acesso em: 22 de junho de 2015.

Escarola!!

A escarola que conhecemos é também chamada de chicória. Pode ser lisa ou crespa.

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Tem gosto amargo típico, especialmente nas folhas externas (mais verdes). Se você é daquelas pessoas que prefere o miolo por ter sabor mais suave, saiba que as folhas mais verdes são as que contem mais nutrientes, não despreze-as!

A escarola pode ser consumida crua, cozida ou refogada e pode substituir o espinafre em muitas receitas!!! As formas mais populares de consumo: recheio de pizza e salgados ou refogado com alho e/ou bacon. É importante lembrar que a versão crua é sempre mais indicada para o consumo pois preserva mais os nutrientes e não tem tantas calorias agregadas. O ácido fólico por exemplo, se perde quando a escarola é aquecida.

receita da Fabiana Badra, foodstylist do site www.receitas.ig.com.br

Além de se destacar nutricionalmente pelo seu teor de cálcio (de boa absorção), ácido fólico e vitamina E (antioxidante), a escarola possui um tipo de fibra muito especial: a inulina.

Pausa para aprender sobre a inulina:

A inulina é um tipo de carboidrato que pode ser encontrado em mais de 30.000 vegetais. Esse carboidrato (frutooligossacarídeo) você não consegue digerir ou seja, é pouco calórica (uhuulll), mas é seletivamente utilizado pelas bifidobactérias, ou seja, é um PREBIÓTICO. Hã? Bifidobactérias são um tipo de bactéria benéfica que você deve desejar no seu intestino, pois favorecem o sistema imunológico, equilibra a flora e também o movimento do trato intestinal. Pelo efeito benéfico no sistema digestivo, a inulina é considerada um alimento funcional!

CURIOSIDADE: A raiz da chicória é muito rica em inulina e é a fonte mais importante na produção industrial de inulina.

Inclua a escarola na sua alimentação e aproveite seus benefícios. Ah, o pico da safra da escarola é entre julho e setembro, mas também há safra em janeiro. Aproveitem!!!

AUTORA: Karen Dykstra Carmona

REFERENCIAS:

SLYWITCH, E. ESCAROLA. Disponível em: <http://www.alimentacaosemcarne.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10:escarola&catid=47&Itemid=140>. Acesso dia 15 de junho de 2015.

OLIVEIRA, A. et all. OTIMIZAÇÃO DE EXTRAÇÃO DE INULINA DE RAÍZES DE CHICÓRIA. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.131-140, 2004. Disponível em: ftp://ftp.feq.ufu.br/Claudio/downloadsPE/Trab3PE.pdf. Acesso dia 15 de junho de 2015.

Escarola – Enciclopédia da Nutrição. Disponível em: https://www.nestle.com.br/Site/cozinha/enciclopedia/ingredientes/escarola.aspx. Acesso dia 15 de junho de 2015.

Gado orgânico X Gado Verde – você sabe a diferença?

Enquanto aguardava as crianças que faziam aula de natação presenciei uma discussão acalorada entre as mães sobre o gado orgânico e o tradicional. Na verdade, ninguém sabia dizer a diferença e até a esposa de um agropecuarista afirmou que “é tudo a mesma coisa, só inventando moda”…

Fiquei intrigada, pois eu também não sabia muito a respeito.

Foto by Annie Bosch
Foto by Annie Bosch

Não temos a oferta e nem a preferência pelo consumo de carne orgânica, embora o mercado internacional tenha mais intere$$e nesse tipo de produto. É um nicho de mercado que atualmente tem maior demanda do que a oferta. Tem um custo elevado em função da menor produtividade pela proibição de insumos modernos e/ou pelo maior custo para manter uma produção equivalente.

O que é então que difere o orgânico do convencional?

imagem do site CyberEsfera
imagem do site CyberEsfera

A carne de gado orgânico tem as mesmas características organolépticas (cor, cheiro, sabor, textura) da carne de gado criado tradicionalmente. O que há de diferente é a maneira em que o gado é criado: tem características peculiares em sua forma de produção, que requer cuidados ambientais e sociais dos pecuaristas e frigoríficos.

O gado pode somente ser tratado com remédios homeopáticos para o controle de doenças, sem pesticidas e as pastagens só podem ser tratadas com compostos orgânicos – nada de fertilizantes industriais e agrotóxicos. Hormônios e suplementos não são permitidos.

Segundo Luiz Antônio Josahkian (BARCELOS, G.), há também uma prepocupação com aspectos ambientais e sociais como: o tratamento dos resíduos produzidos no frigorífico, a utilização racional dos recursos hídricos e do solo, a preservação dos mananciais e a exploração do trabalho humano. Um exemplo de norma fora do estrito contexto da produção é a exigência de que todas as crianças da fazenda frequentem a escola.

Obviamente que para receber este selo, os produtores e a indústria são inspecionados para verificar o cumprimento das regras na produção orgânica da carne.

Ok, e o que seria então o GADO VERDE?

boi berde

O gado verde é aquele que é tratado somente com as pastagens da região, ou seja, não come ração, mas quando está próximo do abate, o gado recebe alimentação no cocho, à base de grãos ou silagem com caroço de cereais ou farelo de soja como fontes de proteína.

Segundo o pecuarista Carlos Augusto Ribeiro Franco, “essa alimentação dá ao boi a capa de gordura ideal, ajuda a conservar a carne, dando-lhe maciez”.

Achei no site do BEEFPOINT um quadro muito fácil para entender a diferença entre o Boi Orgânico e o Boi Verde

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E aí, deu para entender?

Autora: nutricionista Karen Dykstra Carmona

REFERENCIAS:

1- BARCELOS, G. Carne orgânica é debatida em Uberaba. Disponível em: http://www.revelacaoonline.uniube.br/2005/314/sociiiieeee.html . Acesso em: 04 de junho de 2015.

2 – http://www.beefpoint.com.br/novidades-agripoint/boi-organico-x-boi-verde-40367/ . Acesso dia 04 de junho de 2015.

3 – Boi verde é conceito da forma de criar gado. Disponível em: http://www.agrisustentavel.com/san/boi.htm. Acesso em: 04 de junho de 2015.